terça-feira, 9 de setembro de 2014

ORIGEM BETIM

Betim está a 26 km.da capital de Minas Gerais (Belo Horizonte), faz divisa com Contagem, Esmeraldas, Juatuba, São Joaquim de Bicas, Mário Campos, Sarzedo, Ibirité e Igarapé. Tem sua origem colonial, mas adotou ao longo de sua trajetória, traços industriais. Teve como precursor José Rodrigues Betim, bandeirante paulista, de origem holandesa, que veio com sua mulher, filhos, irmãos e cunhados, em busca do sonho dourado, num tempo em que as minas de ouro alimentavam o sonho de riqueza de muita gente.
José Rodrigues Betim obtém do conselho ultramarino da corte Real Portuguesa, em 1711, a carta de sesmaria, pedindo uma doação relativa às terras localizadas entre o rio Paraopeba, Santa Quitéria, Morro de Mateus Leme e a estrada da Contagem das abóboras.
O Distrito de Capela Nova de Betim tem seu início no século dezoito. Nessa época, as terras pertenciam ao território da Vila real de Sabará. A cidade estava ligada às “vilas de ouro” de Sabará e Pitangui, sendo um local para o descanso e abastecimento de tropeiros, viajantes e sertanistas.
Havia um Rio na cidade... O ribeirão das cachoeiras... Hoje, rio Betim.
Antônio Gonçalves Gravatá e Emílio Schnoor deram a Capela Nova de Betim, sua primeira usina elétrica e a energia chega a Betim... A luz elétrica é instalada em 1914, com a inauguração da Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá, na Cachoeira do Rio Betim, próxima à ponte de arco.
A instalação de uma central geradora de energia da companhia elétrica de Minas Gerais, a CEMIG, ocorreu em 1954.

O casarão que servia de pousada e estabelecimento comercial abriga hoje a Casa da Cultura Josephina Bento, que foi construída em 1711, início do ciclo do ouro em Minas Gerais. A casa era usada como pousada de tropeiros, que vinham de Goiás e São Paulo em direção a Sabará e outros centros de mineração. A posição estratégica do então arraial, situado entre a região mineradora do Rio das Velhas e as minas de Pitangui, fez com que um posto de troca das tropas fosse instalado no local, além de favorecer o desenvolvimento agrícola como fonte de abastecimento das áreas de mineração.
Em 1984, o imóvel foi desapropriado pela Prefeitura, já tendo em vista a instalação em seus domínios da Casa da Cultura. A restauração do prédio se deu em 1986, num sistema de vedação em pau-a-pique apoiado em embasamento de pedras, preservando assim suas características originais. Em maio de 1987, foi inaugurada como Casa da Cultura Josephina Bento, em homenagem a uma das primeiras professoras da cidade, Josephina Bento da Costa. Tornou-se a principal referência para as várias manifestações culturais da cidade. - Josephina Bento da Costa, nasceu em Ouro Preto em 1903. Lecionou na Escola rural de Santo Afonso de 1926 a 1929, e desta data até 1957 lecionou no grupo escolar Conselheiro Afonso Pena.
Em frente à pousada foi construída uma capela conforme provisão episcopal de 09 de novembro de 1754. Ali se formou o povoado de Capela Nova do Betim.
Qual betinense não se lembra, ou já não ouviu falar, do Padre Osório Braga?
Em 1920, Padre Osório Braga assume a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo. Nascido em 25 de maio de 1878, em Capela Nova do Betim, foi um dos mais importantes párocos de nossa cidade. Consagrando-se toda sua vida religiosa ao município. Filho de José de Souza Braga e Dona Rita Cássia de Oliveira, foi batizado pelo vigário Domingos Cândido da Silveira, a quem substituiria no pastoreio da cidade.
Osório Braga estudou quatro anos no Colégio do Caraça, onde foi companheiro de Afonso Pena e Padre Luis Gonzaga. Em 1895, entra para o seminário de Mariana, depois, assume a paróquia na sua cidade natal: a Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Betim, devido à enfermidade do Cônego Domingos Martins.
Osório Braga teve um papel importante ao presidir o diretório político, exercendo o cargo de Inspetor Escolar e também participou da emancipação do município. As missas eram rezadas em latim e de costas para o público, mesmo após o Vaticano ter ordenado a mudança. Em 1901, Capela Nova do Betim é colocada como distrito da Vila de Santa Quitéria, atual Esmeralda. A emancipação política de Betim acontece em 1938, em 17 de dezembro, pelo Decreto 148.
Em 1910, é construída a Estação Ferroviária capela Nova, no trecho da estrada de ferro Oeste de Minas, que ligava Belo Horizonte a Henrique Galvão, atual Divinópolis.
A Ferrovia instalada deslocou o eixo de crescimento do arraial para a direção Norte, a frente da igreja ficou para o sul, em direção ao bandeirinhas, ficando de costas para o centro cidade. Próximo à estação, é construído o prédio do primeiro Grupo escolar de Betim, o Conselheiro Afonso Pena. Que mais tarde passou a ser o Colégio Comercial Betinense: Técnica e Cultura preparando os jovens para o mercado de trabalho. Hoje abriga o Museu da Cidade.
Com o passar dos anos a estrada de ferro foi perdendo sua força. Quando inauguraram a BR 381, o comércio da produção local foi acontecendo por outra via. O trem deixou de ser o único meio de transporte. O trecho da Rodovia Fernão Dias, que liga Belo horizonte a São Paulo teve sua conclusão em 1959, durante o governo Juscelino Kubistcheck.
No início dos anos 60 a Petrobras instala a Refinaria Gabriel Passos. Em 1968, termina o plano religioso de Padre Osório Braga que durou 77 anos. Seu falecimento representou o fim da era de Betim como uma cidade do interior. Em 1998, o acervo dos bens móveis do Padre Osório foi Tombado como Patrimônio Histórico-Cultural. O acervo é composto por 37 peças: 1 suporte tinteiro, 6 alvas, 10 casulas, 4 estolas, 7 tapa-corpo, 5 guardanapos, 1 batina preta, 1 bengala, 1 carteira de identidade, 1 crucifixo de quarto. 1970, a multinacional FIAT automóvel inaugura sua montadora em Betim, vindo também a FMB e KRUPP. Em 1971 foi criado pelo Frei Estanislau e Noemi Gontijo o “Salão do Encontro”, um grande centro moveleiro e de artesanato.

A estudante chega ansiosa em casa: "-Mãe, a professora falou hoje na escola que vão fazer o tombamento da casa da cultura, da estação ferroviária, da igrejinha do rosário... - E a mãe, preocupada foi logo dizendo: "- Vão fazer tombamento? Mas isso é um desrespeito à memória da cidade! Onde já se viu, tombar obras importantes como essas!?”
Calma, mãe! - Explicou a menina - Não confunda as coisas. Tombamento não quer dizer que vão derrubar. O IEPHA, que é o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico, é um órgão que coloca sob a tutela pública os bens móveis e imóveis, públicos ou privados, por suas características históricas, artísticas, naturais e arqueológicas. É importante que cada um comece a fazer a sua parte, preservando e valorizando a nossa cidade.
O tombamento municipal é regido pela Lei 2.944, de 24 de setembro de 1996. Essa lei é responsável pela transformação de um bem material em patrimônio oficial da cidade. O tombamento não retira a propriedade do imóvel, permite acordos comerciais e eventuais modificações, previamente autorizadas pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Betim.
Em Betim, são diversos os monumentos e acervos históricos tombados como patrimônio. Casa da Cultura Josephina Bento; Capela Nossa Senhora do Rosário; Estação Ferroviária Capela Nova; Prédio do Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo (antigo Colégio Comercial Betinense e Grupo Escolar Conselheiro Afonso Pena); Portal da Colônia Santa Isabel; Capela de São Sebastião - construída em 1930 pela população do B. Amazonas; Acervo do Padre Osório de Oliveira Braga; Conjunto Arquitetônico da Colônia Santa Izabel; Usina Hidrelétrica Doutor Gravatá, localizada próximo ao Rio Betim, sentido bairro Decamão; Caixa D’Água (Centro) O complexo histórico da Colônia Santa Isabel foi tombado em 1999.

A ÁRVORE DO ÓLEO... Um marco na História

A “Árvore do Óleo”, conhecida também como Árvore de Santa Bárbara, Copaíba, Óleo de Copaíba, Copaíba Vermelha, Oleiro, Copaibeira-de-Minas, Copaúba e Pau d’óleo. Geralmente mede de 12 a 15 metros. Numa média de diâmetro 3,80m. Possui uma madeira moderadamente pesada. É encontrada isolada de outras da mesma espécie, em geral num raio de alguns quilômetros, numa mata original. Pode ser encontradas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Comentavam sobre a excelência da madeira que é utilizada na Construção Civil na Confecção de móveis, na arborização urbana. Trata-se de uma árvore que existe em quase todo o Brasil e das mais comentadas, por suas propriedades medicinais. O óleo que sai de seu tronco quando ferido é base para diversos remédios, com efeito cicatrizante e muitas outras propriedades curativas.
Quero falar de uma árvore específica com idade que remonta a fundação de Betim, já que são encontradas referências a ela em artigos de documentos oficiais. “E em seus galhos abrigavam-se as cantigas, ladainhas e a alegria das aves tagarelas. E a voz de Deus na voz dos passarinhos, dava um clima de orquestra no ar.”
Segundo a crença popular, só era possível extrair o óleo se fossem tomados alguns cuidados: a pessoa deveria se aproximar da árvore de cabeça baixa, ferir o tronco sem levantar as vistas, e colher o óleo. Se olhasse para cima, para a copa da árvore, o óleo não saía.
Essa árvore, de tão exuberante arquitetura da sua copa, servia de abrigo aos piqueniques, ponto de encontro de estudantes, dos tropeiros que desciam a serra com produtos agrícolas e às missas campais celebradas pelo Padre Osório Braga. Essa bela árvore ganhou o respeito e o amor da população. Era uma árvore muito grande e bonita, chamava a atenção, era visitada e fotografada. Diziam que para multiplicar a espécie seria necessário colherem terra embaixo da árvore para fazer as mudas.
Certa vez, durante uma tempestade, um raio caiu sobre ela, partindo-a ao meio. Sua copa frondosa ocupou toda a área da estrada e precisou ser removida pela prefeitura. O fato de aquela árvore ter sido escolhida, certamente foi por ser muito alta e estar isolada, sem outras nas proximidades. O povo não queria perder a referência à árvore, então, quando construíram uma praça no mesmo lugar em que ela ficava no bairro Angola, deram o nome de Praça do Óleo. Hoje existe lá uma tímida arvorezinha, da mesma espécie que, com certeza, um dia ocupará o seu lugar na história.

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